Símbolo do Ciclo da Borracha, o Teatro Amazonas é considerado um dos espaços culturais mais importantes e imponentes do País. Localizado no coração da capital amazonense, o prédio centenário recebe grandes espetáculos e faz parte do circuito artístico internacional. Quem vem a Manaus não pode deixar de conhecê-lo.

Ele é considerado um dos principais cartões postais da cidade. Fruto do período em que Manaus viveu o apogeu de riqueza, o espaço se mantém vivo e em plena atividade. Suntuoso, o edifício com estilo renascentista guarda sempre um detalhe a mais para quem decide explorá-lo.  

As visitações abertas ao público de terça a domingo, além dos espetáculos, recitais e festivais organizados por instituições privadas e pelo Governo do Amazonas, são portas para o visitante que deseja mergulhar na cultura de uma época. A imponência do Teatro Amazonas deixa qualquer um boquiaberto. Suas pinturas retratam a fauna e a flora amazônica.  

Cravado no coração da floresta amazônica, o teatro foi um marco na sociedade local, transformando um povoado em uma capital de referência para o resto do País.

 “O Teatro Amazonas foi um divisor de águas”, diz o jornalista, artista plástico e historiador Otoni Mesquita.

A obra originou uma onda de avanço na infraestrutura e foi o empurrão que faltava para o crescimento comercial. A efervescência cultural tomou conta da região a partir desta construção.

De acordo com Otoni Mesquita, a construção do teatro aponta peculiaridades sociais e econômicas da população amazonense naquele período, denominado pelo historiador como “refundação de Manaus”.

“Foi uma obra à altura dos anseios de uma parcela da sociedade local, quando se introduziram diversos melhoramentos na cidade. O empreendimento atraiu interesses de políticos, grandes comerciantes e intelectuais”.

Fundação

O amazonense não mediu esforços e nem dinheiro para erguer a casa de espetáculo, que encanta quem visita a área central da cidade. A primeira ideia concreta de construção de um teatro em Manaus surgiu em 1881, por meio do projeto de Lei idealizado pelo deputado Antônio José Fernandes. Da criação à finalização da obra passaram-se 10 anos. O projeto arquitetônico escolhido foi o de autoria do Gabinete Português de Engenharia e Arquitetura de Lisboa. Um sonho comprado pelo então governador Eduardo Ribeiro e erguido em um espaço em frente do monumento em homenagem à abertura dos portos da Amazônia.

“É uma das construções mais significativas do Amazonas, o símbolo arquitetônico do período de riqueza da cidade de Manaus construído na última década do século XIX.  Ele fez parte do plano de embelezamento da cidade e acaba sendo o prédio mais destacado entre os demais. O Teatro Amazonas é um estilo eclético, como um caixote grego romano, revestido de muitos elementos de variados momentos históricos e o que escapa do estilo mais clássico é o uso da cúpula colorida de ferro e vidro – que foi um produto da revolução industrial. Nós temos uma fachada que remete a arquitetura grega e com espaços especiais, entre eles o hall de entrada, o salão da plateia e o salão nobre. Ele foi construído, de certa forma, também para chamar atenção para esta cidade que era um local extremamente insignificante naquela época para o restante do País, como diziam os viajantes daquele período. O maranhense Eduardo Ribeiro decidiu estão investir neste plano de embelezamento para ajustar a capital do Amazonas e atrair pessoas pelo nível de riqueza pelo qual passava naquele momento. Foi uma tentativa de transformar a cidadezinha rústica, mestiça e indígena em uma cidade branca, civilizada, bela e cosmopolita”, relatou o historiador Otoni Mesquita.

Inaugurado em 1896, o Teatro Amazonas foi tombado como Patrimônio Histórico Nacional 70 anos depois. Já em 2019, a revista “Vogue” elencou o patrimônio cultural do Amazonas como uma das 15 casas de ópera mais bonitas do planeta, ao lado de lugares como Opéra Garnier, em Paris, L’Opéra de Sydney e Teatro Alla Scala, em Milão.

Cronograma

A joia encravada na Amazônia recebe anualmente, seguindo o cronograma de eventos da Secretaria Estadual de Cultura (SEC), edições do Festival Amazonas de Ópera, Festival Amazonas de Jazz, Festival Amazonas de Dança, Festival Amazonas de Música, Festival de Teatro da Amazônia e o Amazonas Film Festival.

Desde a apresentação de La Gioconda pela Companhia Lírica Italiana em 7 de janeiro de 1897, o espaço cultural amazonense já recebeu inúmeros artistas nacionais e internacionais, entre eles, o tenor José Carreras, Roger Waters, a banda The White Stripes, Heitor Villa-Lobos, Milton Nascimento, Ana Botafogo e Bibi Ferreira. 

Em 1997, as cantoras da banda Spice Girls visitaram e cantaram na varanda do teatro para uma multidão de espectadores. Em 2009, o príncipe Charles, da Inglaterra, e a esposa, Camila Parker-Bowles, assistiram a um concerto da Amazonas Filarmônica.

Características do teatro

Inúmeros detalhes chamam a atenção do visitante a cada passo no interior do Teatro Amazonas. O salão comporta mais de 700 espectadores na plateia, frisas e camarotes. A decoração interna ficou ao encargo de Crispim do Amaral. 

A plateia é em forma de ferradura e há um camarote exclusivo destinado a autoridades e ao Governador do Amazonas. O teto abobadado possui quatro telas feitas em Paris, nas quais são retratadas a música, a dança, a tragédia e um especial em homenagem a Carlos Gomes. O visitante, por meio da pintura, tem a impressão de estar embaixo da Torre Eiffel.

Ainda no salão de espetáculos é possível admirar máscaras que representam a comédia e o drama do antigo teatro grego. Elas homenageiam compositores e dramaturgos, entre eles, Aristophanes, Molière, Rossini, Mozart e Verdi. As colunas que sustentam os camarotes são de ferro recobertas com gesso. O lustre é importado da França e o pano de boca traz uma pintura original de autoria de Crispim do Amaral, em homenagem ao Encontro das Águas.

O espaço preserva parte da arquitetura e decoração originais. “A Glorificação das Bellas Artes da Amazônia” é a pintura do teto do corredor – de autoria de Domenico de Angelis, pintado em 1899. O salão nobre, onde eram realizados bailes glamourosos, possui pinturas do artista italiano e criam uma ilusão de óptica. É como se os personagens te olhassem sob qualquer ponto da edificação, dando movimento a eles no espaço. 12.000 pedaços de madeira nobre, encaixados manualmente, compõem o piso e dispensam o uso de cola ou pregos. Os painéis retratam a natureza amazônica.

Dentro do Teatro Amazonas é possível visitar ainda um museu com peças originais da inauguração do espaço até os dias atuais. A cúpula é composta por 36 mil vitrais que compõem a bandeira brasileira, que também foram importadas da França e foi fabricada na Bélgica pela empresa Compagnie Centrale de Construction de Haine-Saint-Pierre. 



Como visitar o teatro?

A visita guiada pelo Teatro Amazonas pode ser realizada de terça-feira a sábado, das 9h às 17h. Aos domingos, o horário se encerra às 14h. A cada 45 minutos há visitas guiadas nos idiomas: português, inglês e espanhol. Basta solicitar na bilheteria o tipo de visitação.

Uma das atrações da visita é a maquete da Casa de Ópera feita com 30 mil peças de Lego. É possível ainda tomar um café em um espaço com estrutura que remete à época da inauguração do teatro.

Quanto custa?

Gratuita para pessoas nascidas no Amazonas, mediante comprovação de naturalidade com documento oficial com foto e menores de 10 anos.Turistas e pessoas naturais de outras localidades pagam R$ 20 e R$ 10 para idosos (com idade igual ou acima de 60 anos), estudantes, professores, militares, doadores de sangue e pessoas com deficiência.

As visitas guiadas duram, em média, 1 hora e o teatro fica localizado na Av. Eduardo Ribeiro, 659 – Centro de Manaus.

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